Um glorioso passado de três séculos
HISTÓRIA
Rio Frio situa-se junto ao estuário do rio Tejo numa região que esteve até há dois milhões de anos integrada pelo próprio estuário do rio Sado e onde a ocupação do homem remontará ao Paleolítico Inferior.


Visitado pelos gregos e fenícios que terão sido responsáveis pela introdução da cultura da vinha na região, a sua ligação ao estuário do Tejo levou a que, nos séculos I a V dC, os romanos se instalassem no território e tirando proveito das águas calmas deste rio, ricas em peixe e das condições naturais locais, criassem o importante Centro de Produção Industrial de ânforas designado como “Porto de Cacos” ou “Canto das Adegas” e classificado como “sítio de interesse público nacional” com uma área de quase 200 hectares no centro da Herdade.

O território esteve sob domínio árabe até à sua conquista no século XII pelo 1º Rei de Portugal – D. Afonso Henriques – e integração nos domínios territoriais da Ordem de Santiago afetos à Corte.

As primeiras grandes obras de arroteia e desenvolvimento agrícola em parte do atual território de Rio Frio foram conduzidas, na segunda metade do século XVIII, por Jacôme Ratton que, instalando-se na região, desenvolveu a plantação de pinheiros, da vinha, da arboricultura e o aproveitamento dos solos dos pauis e da charneca para a produção de cereais e do gado.


Durante o século XV, os reis D. João I e D. João II e a corte passaram largas temporadas de veraneio na povoação próxima de Alcochete praticando a caça aos veados, javalis e lobos que abundavam na região.

As primeiras grandes obras de arroteia e desenvolvimento agrícola em parte do atual território de Rio Frio foram conduzidas, na segunda metade do século XVIII, por Jacôme Ratton que, instalando-se na região, desenvolveu a plantação de pinheiros, da vinha, da arboricultura e o aproveitamento dos solos dos pauis e da charneca para a produção de cereais e do gado.


Mapa de Rio Frio
in “Recordações de Jacome Ratton”

O grande impulso na conceção e dinamização do pleno aproveitamento e valorização agrícola de Rio Frio acontece durante o século XIX, sob a orientação de “dois dos mais destacados representantes da elite económica e política oitocentista, Manuel José Gomes da Costa São Romão (Barão de São Romão), que a dirige entre o Setembrismo e a Regeneração e José Maria dos Santos, que lhe sucede até aos primeiros anos da República (1913)”.
Foram estes os dois grandes responsáveis pela sua transformação num importante centro de produção e transformação agrícola que chegou a possuir, em finais do século XIX e princípios do século XX, uma vinha de 4.000 hectares considerada a “maior vinha continua do mundo”, que deu origem, com a chegada de trabalhadoras do Centro Litoral de Portugal (Caramelos), a um processo de colonização da região e ao próprio Monte de Rio Frio, organizado como um complexo auto suficiente com lagares, adegas, destilaria, moagem, fábrica de descasque de arroz, cais de embarque do vinho, vala do vinho, hospital, padaria, escola, posto de GNR, cavalariças, picadeiro, residências dos trabalhadores, etc.

Este processo gerou uma forte vivência histórica e cultural ainda hoje enraizada nos hábitos e cultura das gentes da região e no “imagético de Rio Frio”, bem retratados no espólio do fotógrafo Manuel Giraldes da Silva hoje existente na Biblioteca Municipal do Montijo que Rio Frio quer transformar em exposição permanente no seu Museu “Memórias de Rio Frio”.
Durante a primeira metade do século XX a cultura dominante da vinha foi progressivamente substituída, dando origem, com a plantação de sobreiros, a uma paisagem então inédita de um montado alinhado que o Professor Vieira da Natividade considerou “a maior mancha de montado artificial do mundo”.
Em 2010, dá-se início a um processo de revitalização da produção agrícola da Herdade e que assenta no montado de sobro, na pecuária, na produção de vinho e no pleno aproveitamento e valorização do conjunto das multifuncionalidades geradas por este território rural.